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AFINAL, DO QUE SE TRATA
A PESQUISA?

 

Aos leitores e leitoras, apresento meu Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo. COZINHA DE SANTO: a encruza que nasce da boca do fogo.

Esta pesquisa propõe um deslocamento do olhar arquitetônico-urbanístico em direção à um Terreiro de Umbanda e de Jurema Sagrada localizado na porção noroeste da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais.

A proposta central deste trabalho é a construção de uma colcha de retalhos crítica-conceitual, a partir da imersão e observação em um estudo de caso: a cozinha do Terreiro Casa de Pai Ogum e Seara do Mestre Sibamba, fundado em 1949.

Adianto o caráter etnográfico e situado dessa produção, escrita a partir de um ponto de vista comunitário, ancestral e espiritual. Ao longo do percurso, assumo o gesto político de vislumbrar epistemologias outras que se escrevem nas performances dos corpos e do espaço.

É importante frisar que este trabalho não se propõe a abordar técnicas culinárias ou receitas (ainda que esse tema tenha presença e importância). O que realmente me move aqui é a investigação da cozinha de terreiro como espaço de produção política, ética e ancestral, enraizado nas cosmologias afro-indígenas que sustentam essas comunidades.

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AQUI, o espaço edificado não é neutro nem inerte: ele ganha vida por meio de seus atravessamentos de corpos, espíritos, técnicas, magias, dogmas e afetos. Esta pesquisa é um convite a descolonizar o olhar sobre a produção do espaço construído e suas dinâmicas culturais.

Observar a cozinha é, aqui, recusar sua redução ao ambiente doméstico. Trata-se de reconhecê-la como território geográfico e político, tensionado (e tensionador) das dinâmicas socioespaciais da cidade. Esta escrita é um esforço para evocar as vozes que resistem à urbanização imposta pelas elites de Belo Horizonte, e para afirmar que há, no chão quente da cozinha de santo, uma outra forma de percepção do espaço-tempo.

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